segunda-feira, 18 de julho de 2011

A Guerra dos Imoles, 10ª parte - uma noveleta de Roberval Barcelos

Terceira batalha

Os três estavam prontos, apesar de Tadeu se tremer de medo e se indagar a quem ele fez tanto mal na Empresa para cair numa missão assim, enquanto Giácomo estava apenas um pouco menos nervoso, afinal era sua primeira batalha contra outros crononautas bem armados. Já Roberto, em pleno início de outro ciclo de explosões de ódio, pensava em quantos mataria para resolver essa crise e voltar para casa. Eles seguraram a barra do terno de Franco e esperaram, mas nada aconteceu.

– O que foi agora? – Roberto estava novamente irritado.

– Não sei – Franco mal podia acreditar em quantas vezes já passou por isso desde que chegou a esta época.

Antes sabia de tudo. Antes...

– Já sei – interveio Tadeu. – Vamos ter que ir andando.

– Esperem mais um pouco – pediu Franco.

Segundo depois sentiram uma leve vertigem e viram-se no pé de uma montanha, atrás de árvores enormes, próximos a um rio.

– Eles estão aqui – avisou Franco – vamos nos aproximar do topo em dois grupos: Tadeu vem comigo,
Roberto e Giácomo...

De repente, Franco sentiu uma mão forte segurar seu pulso esquerdo e erguê-lo no ar. Foi tão inesperado e forte que Franco não conseguiu sequer esboçar uma reação. Seria um ataque de Akim? Não! Era Exu, só que desta vez aquele sorriso parecia sarcástico. Ao se refazer da surpresa, notou que estavam flutuando no ar, diante dos olhos dos três agentes aparvalhados. Desesperado, Franco gritou para que o deus o soltasse, e, como não foi atendido, tentou golpeá-lo com a mão direita. O deus segurou o soco.

– Que diabos está havendo com ele? – Tadeu e os outros estavam surpresos, afinal os três viam somente Franco flutuando no ar e se debatendo.

– Parece estar lutando com alguém – Giácomo especulou.

– Pare de chutar e use a Caixa! – sugeriu Roberto.

– Não tem ninguém lá com ele – Giácomo afirmou – Nem com rastreador espectral ou com o rastreador de calor consigo identificar alguém.

Roberto, irritado, arrancou a Caixa de Giácomo e ligou os rastreadores ele mesmo. Também não viu
ninguém com Franco.

– Esse merda tá é maluco! – Roberto sentenciou, devolvendo a Caixa a Giácomo.

No alto, Franco sentiu que o deus soltou sua outra mão e começou a retirar seu anel. Em desespero, tentou novo golpe, mas, como foi inúitil, sacou a Terminator. Não encontrou ângulo para atirar.
Começaram a girar no ar e desapareceram bem na frente dos agentes. Roberto reclamou:

– Filho da puta! Se mandou na maior!

– Ele nos largou aqui para morrermos! – Tadeu já entrava em pânico.

– Vamos seguir com o plano – disse Giácomo – deve ter acontecido alguma coisa.

– Tá, maluco! – Roberto gritou. – E qual é o plano?

– Ué? Pensei que você soubesse.

– Tudo bem! Vamos sem plano mesmo!

– Vamos para onde? – Tadeu indagou com a voz trêmula.

Roberto virou-se e deu um murro na cara de Tadeu, que caiu no chão.

– Não vem de viadagem comigo não! As ordens são para matar o máximo deles. Se possível, todos. Sacou?

Tadeu se levantou rapidamente com a Terminator em punho e encostou-a na cabeça de Roberto, dizendo com os dentes cerrados:

– Vai, babaca histérico, dá outro soco!

– Humm... enfim um pouco de macheza. Nem tudo está perdido.

– Para de fingir que é esperto e tenta novamente!

– Olhe para baixo! – Roberto pediu, com um sorriso irônico.

Tadeu olhou e viu a Terminator dele encostada em sua barriga. Sem ação e se sentindo desmoralizado, ele abaixou sua arma. Roberto fez o mesmo e disse:

– Agora que voltamos a ser amigos, vamos lá em cima detonar Akim e sua corja.


* * *

Um oficial se aproximou de Linterbaun e alertou:

– Senhor, detectamos três elementos armados se aproximando do nosso perímetro de segurança.
Linterbaun franziu o cenho e indagou:

– Que tipo de armamento eles possuem?

O Oficial passou a língua nos lábios e respondeu:

– Pistolas com mira laser, senhor. Mas o computador detectou outros modelos não classificáveis.

– O General vai gostar de saber disso.

– E nós, senhor? O que faremos?

– Mande três homens para interceptá-los. Não se preocupem com baixas, apenas evitem que se aproximem.

– Sim, senhor! – e prestou continência.
* * *

Tadeu, Roberto e Giácomo estavam próximos do lugar onde deveriam encontrar dois ou três sentinelas, mas o que viram foi uma câmera voadora que rastreava o lugar.

– Joguem-se no chão! – Roberto ordenou, com a experiência de quem foi Agente de campo durante
dezesseis anos.

A câmera em forma de morcego pairou sobre eles e prescrutou com a lente – ou sensor – todo lugar. Sabia que em breve eles seriam descobertos.

– Atacar! – Roberto gritou e levantou-se, destruindo a câmera com um disparo certeiro e saiu correndo até uma grande árvore, buscando abrigo.

– Esse é o plano? – Tadeu perguntou.

– Deve ser.

– Vou é cair fora!

– Acho que não – Giácomo disse e apontou a arma para a cabeça de Tadeu, que nem piscou.

– Todo mundo vai me apontar uma arma?

– Só se sentirmos que você quer desertar.

– Eu quero é sobreviver. A Terra já era, o futuro não existe e temos que enfrentar militares do século 25 sem ao menos termos um plano.

– Mesmo assim ninguém vai desertar. Entendeu?

Tadeu nem precisou responder. Vários disparos foram feitos na direção deles.

Jogaram-se no chão e rastejaram em direções opostas. Tadeu afastou-se o mais que pôde de Giácomo e levantou quando sentiu-se seguro o bastante para correr sem levar um tiro. Atrás dele, o tiroteio se intensificava.

No fundo de sua alma, amaldiçoava a Franco e toda Intempol.

Continua

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